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quarta-feira, 2 de outubro de 2019

O que aprendi com Karnal, que aprendeu com Hamlet e o que aprendi comigo


O que aprendi com Karnal, que aprendeu com Hamlet o que aprendi comigo. Sim, Karnal nos convida a aprender conosco. Sim, em uma das frases finais, pra mim foram quatro finalizações,  ele escreve:  A primeira, pagina 181, “Como você lida com sua noz e com o nós. O resto de fato é um imenso, denso e profundo silêncio”; A segunda, página 184, “ ler Hamlet reelabora nossos mundos e nossas concepções sobre o que somos, o que não devemos ser e aquilo a aspiramos ser”; A terceira, página 187, “ Como nos movemos entre dor e júbilo registra a resposta do nosso próprio ’ser ou não ser’; A quarta, página 200, “ O bardo (Shakespeare) está lá na peça há mais de quatrocentos anos. Ele não precisa de você, você precisa desesperadamente dele para compreender a trajetória do homem no teatro do mundo. Atenção, a cortina está se abrindo, o espetáculo vai começar“.E já estaria bom. Só que não.
Conversando com meus filhos sobre O que aprendi com Hamlet é um livro que nos oferece um compêndio. O primeiro, conhecer a obra Hamlet e no final Karnal nos oferece uma gama de publicações da peça de Shakespeare, filmes e livros a respeito. Segundo conhecer Shakespeare. O terceiro conhecer uma estrutura textual do gênero Tragédia para teatro, atos e cenas. Terceiro transitar por conceitos como Ética, Política, Sexualidade, História, Amor, Vingança, Traição, Amizade com o olhar de outros autores. Quarto pensar sobre si. E quinto, o que me chamava à realidade, Hamlet é uma obra literária, uma criação com referência na vida de Shakeaspeare, no contexto da Inglaterra no século XVI, mas uma ficção. No meio do caminho eu pensava que estava lendo um fato histórico, real, mas era sobre uma obra fictícia. Outro conceito significativo de Hamlet é o da construção do Ser Humano Moderno. A personagem do século XVI indica o que viríamos a ser no século XX.

Essa obra relembrou o Livro We, que li em 1994, por sugestão de Lúcia (1965-1996). Nele, o autor Robert A. Jonhsom nos brinda, como Karnal, com a construção de um sentimento que também iniciou no século XVI, o Amor Romântico a partir do mito de Tristão e Isolda surgido na idade média e fonte de muitas obras teatrais, dentre elas Romeu e Julieta. Ele perpassa todo processo de relacionamento dos dois, desvendando cada Ato e Cena a construção do Amor Romântico, seus altos e baixos, até a compreensão e distinção deste sentimento que se cristalizou no cinema hollywoodiano no século XX. Assim como o Ser Humano Moderno, agoniza em sua transição as contradições normais de todo processo histórico. Sim, estamos em constante construção, somos hoje uma colcha de retalhos.

Como nos ensina Karl Marx no 18º Brumário de Louis Bonaparte: " Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos".
Assim, faço a leitura que Shakeaspeare, Jonhson e Marx indicaram o Ser Humano Moderno. Conforme o livro de Karnal podemos ter ciência do Ser Humano Contemporâneo e não mais ter "o pesadelo da tradição nos oprimindo", mas nos guiando no presente, ou seja, no seculo XXI somos e somos eis a questão.

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