A motivação de iniciar
Dostoievski com O Idiota, foi ter sido chamado de idiota ainda muito jovem por
alguém que eu admiro e que me deixou atento para esse adjetivo transformado em
substantivo pelo autor.
Nesse período de sete anos lendo
as quase oitocentas páginas pude acompanhar as personagens da obra que
indicavam a independência e autonomia, descritas, na minha vista de um ponto,
com ingenuidade, dado o detalhamento de emoções ditas pelas próprias
personagens. Interessante que num romance do século XIX tantas relações movidas
pelos sentimentos ditos com consciência tão ímpar. As personagens de Dostoievski
para uma Rússia czarista são contemporâneas com uma individualidade ímpar. Não
são submissas, são autônomas.
A indicação de Idiota da
personagem central lhe ser impingida sem qualquer velamento, inclusive
fazendo-me sentir um idiota ao ler a forma com que o príncipe Mitchin se
relacionava com a vida. Achei as descrições de Dostoievski convidativas em
mostrar relações de pessoas que não se privavam de constantemente se analisarem
mutuamente, de descreverem seus sentimentos...
Fiquei intrigado com a forma
agressiva dos personagens. Enquanto lia, parecia que gritavam uns com os
outros... Penso que seja a objetividade da forma que os russos se relacionam...
Pareceu-me que estavam sempre brigando.
Bem, esse foi meu primeiro Dostoeivski,
mesmo já tendo lido Stanislavski, Vygotsky, Turgueniev, traduzidos diretamente
do russo, todos descrevem detalhadamente tudo, parece-me que é da forma russa
sobre a vida... não sei se é somente da literatura... Que venha o próximo.
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