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terça-feira, 17 de agosto de 2021

Desvendando o Capitalismo


Fácil desvendar o Capitalismo, basta ler Adam Smith em A Riqueza das Nações. Sim, Eduardo Moreira cita Adam Smith e ao ler alguma coisa nos damos conta que na lógica do mercado ele tinha razão. No entanto, da Escócia do século XVII até o Brasil do século XXI são trezentos anos. Muito mudou, muito se escreveu, muito se interpretou, mas o pior, MUITO NÃO SE ENTENDEU. E Eduardo Moreira referendou o que POUCO SE ENTENDEU e esse pouco é muito.

Nesse sentido é muito prazeroso encontrar alguém que, na distância total, une vidas e projetos de vida e sociedade, confirmando que somos #setentaporcento, portanto uma comunidade não somente quantidade, mas qualidade ratificando o Agir Fora da Caixa.

Nesse box de três livros tive acesso a conhecimentos fundamentais sobre o Capitalismo e sua forma de mover a economia. Claro, que diferente de Adam Smith ou qualquer outro economista, traz indicadores contemporâneos e históricos significativos desde os detentores da força de trabalho, dos detentores dos meios de produção e terras (e como se tornaram detentores), ao mercado, as bolsas de valores e o papel do Estado. Sim, Adam Smith e os liberais que o interpretaram simplesmente não consideram os seres humanos e qualquer forma de vida a não ser a economia e a manutenção das riquezas acumuladas nas mãos de poucos. É, qualquer forma de vida para o capitalista não tem valor maior do que a economia, entendida não somente como riqueza acumulada, mas concentração de riqueza nas mãos de muiiiiito poucos, mediante o trabalho de muiiiiitos muitos.

É interessante como Eduardo Moreira, um jovem, mais que eu pelo menos, escreve e entende o processo do capitalismo e os desvela em linguagem simples aquilo que é contado de forma mentirosa escondida por traz da ideia de ser complexo. O trajeto que ele fez, advindo de dentro do sistema financeiro, trabalhando num banco, operando milhões nas mãos de poucos, durante vinte anos, deixa tudo e se dedica à Educação Financeira destruindo o conceito de ficar rico é acumular dinheiro.

Eduardo Moreira procurou conhecer outras formas de produção e distribuição de riqueza no meio dos empobrecidos, em especial no Movimento dos Sem Terra e descobriu o valor do repartir, do produzir para a comunidade, do ninguém sem casa, sem educação, sem comida a partir da posse coletiva, assentamento ou acampamento, e produzir riqueza para todos. Meu pensamento: - Importante: se não for para todos, não é riqueza. O trajeto de Eduardo Moreira é o mesmo dos que, ao viver na avareza acumulativa de poucos, sempre geradora da pobreza de muitos, deixa tudo e se depara com a realidade. Assim na poética Cristã, D’us se faz ser humano em Jesus, Buda, deixa sua vida de príncipe, Francisco abandona sua vida de jovem rico, Brecht abandona a família rica, Ghandi renega o status de advogado, Irmã Dulce deixa a comodidade do convento, Irmã Doroty se dedica ao meio ambiente e assassinada pelos capitalistas.. Diferente destes, Eduardo não abandona a riqueza, mas a leva para junto dos empobrecidos, criando cursos de formação, criando ações para o MST, ou seja, começa a distribuir sua riqueza sem perdê-la, mas multiplicando-a de forma que os empobrecidos aprendam pela Educação, instrumentalizando-se com as normas do Capitalismo, agregando o valor maior que é a manutenção da vida da comunidade e das pessoas, distribuindo renda.

A Economia do Desejo traz um conhecimento que nos anos 80, já conhecíamos: o capitalismo cria necessidades. Inventa produtos que você não precisa e faz você comprar. Mas nesse livro ele faz algo fantástico. Ele conceitua Desejo e Necessidade. Necessidade, aquilo que me sustenta, que eu preciso e que é perpétuo, preciso para sobreviver, comida por exemplo. Já o Desejo, por definição, é insaciável, somente não se esgota, como também vai aumentando a distância entre o que eu tenho e o que quero ter mais, infindável, gerando assim, a acumulação e consequentemente, o abismo entre os que tem mais e os que tem menos, pior, aos que tem menos, dada ao desejo insaciável, nem as necessidades lhes são supridas. O ditado “Não se acaba com a fome dos empobrecidos porque a ganância dos enriquecidos é insaciável” é perfeito para esse livro.

No livro O que os donos do poder não querem que você saiba, no traz a expressão “Siga o dinheiro”, no intuito de sabermos o caminho que o dinheiro faz. De onde vem e para onde vai e como nossa atenção é desviada para não percebermos como o dinheiro funciona. Nesse livro ele desvela como os donos do poder desviam nossa atenção, como o processo dos mágicos, fazem-nos prestar atenção no que não importa para fazer a mágica acontecer. No entanto a mágica no capitalismo e seu desvio de atenção é para fazer acontecer a fome e a miséria de muitos enquanto poucos tem mais do que precisam. Assim ele nos esclarece que “ A forma mais comum (e mais eficiente) de criticarmos algo é desviar a atenção do que é real para aquilo que queremos fazer o outro ver”, ou seja, nos distingue como percepção e realidade são manipuláveis para nos manter ignorantes e eles ser manterem no poder.

No terceiro livro, na ordem que li claro, Desigualdade & caminhos para uma sociedade mais justa, temos acesso há muitas informações com indicadores estatísticos que entendemos como os capitalistas destroem uma nação, um povo em nome da economia. Senti que nesse livro o autor foi exímio na didática possibilitando um conhecimento significativo que nos permite um salto de qualidade no entendimento do conceito Desvendando o Capitalismo.

Parabéns Eduardo Moreira e suas iniciativas colocando seus recursos financeiros na construção de uma Economia Solidária com base no conhecimento, com a criação do ICL, Instituto Conhecimento Liberta, que podemos fazer cursos e via assinatura solidária proporcionar que pessoas sem condições possam estudar. Mais importante, a iniciativa de agrupar pessoas como Leonardo Boff, Jessé de Souza, Frei David e outros tantos colocando seus conhecimentos a serviço dos empobrecidos pela Economia de Mercado e pelo capitalismo.

E o conceito fundamental: o dinheiro não é riqueza. O que eu invisto financia o quê e a quem? Assim começamos a pensar antes de consumir qualquer coisa. Se quero um planeta saudável, então não devo comprar coisas com agrotóxicos, produtos advindos de mão de obra infantil ou escrava produtos com peles de animais silvestres, produtos que o empregador não remunera com qualidade seus empregados, produtos que o "patrão" acumula renda e que não paga seus impostos, e um conhecimento fundamental quanto a bolsa de valores: comprar ações de quem não planta um pé de alface, ou seja, o mercado da bolsa que a riqueza não é a produtividade, o saciar a necessidade, o produzir riqueza, mas absurdamente concentrar renda a partir do nada

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