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segunda-feira, 3 de junho de 2019

Pais e Filhos - Pinceladas do Século XXI


Turgueniev (1818/1883) me surpreendeu. Meu primeiro contato com a literatura Russa. Já estudei Stanislavski (1863/1938) no teatro, Vigotski ( 1896/1934) na educação e iniciei O Idiota de Dostoiévski (1821/1881), mas parei. Turgueniev tentei há uns seis anos atrás, mas não consegui.
Pais e filhos me remeteu há alguns personagens como Werther de Goethe (1749/1832) e recentemente Sheldon da Série The Big Bang Theory (2007/2019). O niilismo em carne e osso.
Turgueniev me fascina por seus personagens dirigirem-se uns aos outros pelos nomes próprios completos.
Como em Vigotski e os primeiros capítulos de O Idiota de Dostoiévski, Turgueniev é um prolixo. Descreve as paisagens, os gestos, os suspiros, os animais do entorno e, uma característica que adoro, conta toda a negação para chegar a afirmação.
Em Pais e Filhos ele narra em terceira pessoa a história de Bazárov, um jovem niilista, com indicações do Materialismo, amargo que convive questionando tudo e a todos. Objetivo, científico e distante. Conhece o sentimento por uma mulher, mas o nega até o final, num suicídio indireto, mas ciente de sua finitude.
Em seu livro Turgueniev traça perfis femininos diversos e dentre eles a mulher liberta do domínio machista, independente, niilista, materialista, não presa à convenção, exceto quando o sentimento é elevado a conveniência da convivência que ajuda a suportar a solidão.
O mesmo Bazárov que quer uma educação para o mujiques, camponeses russos. pobres no período czarista, é o mesmo que os ridiculariza dado o seu senso comum.
O que vi em Turgueniev foi o nascimento da democracia na Rússia czarista do século XIX. As preocupações sociais pela educação, a dúvida da religião e do senso comum já indicam o caminho de uma literatura que se propõe em refletir sobre a realidade. Pequenas pinceladas, mas Turgueniev as coloca em Pais e Filhos indicando o caminho do pensamento Russo em várias áreas do conhecimento.