O livro não corresponde ao título em profundidade,
mas pincela curiosidades sobre o papado, expondo o lado político, social
destes, tanto fatos engraçados como significativos e tensos na história. Para
os católicos é um bom compêndio para entender o processo de escolha papal, o
funcionamento do vaticano e suas mazelas. Também não deixa de fora o silêncio
de Leonardo Boff, imposto pelo prefeito da congregação para a doutrina da Fé,
cardeal Joseph Ratzinger, hoje Bento XVI, e a crise na teologia. No entanto é
como digo, o livro é breve em seus textos, mas não foge a responsabilidade de
mostrar os papéis dos papas e da Igreja Católica.
Com a desistência de Bento XVI, surge o Papa
Francisco I. Um representante dos Cristãos dentro do Catolicismo Romano.
Francisco traz de volta o sorriso de João Paulo I, a esperança Cristã e encerra
a sisudez de João Paulo II, com sua perseguição aos Cristãos, ao calar Frei
Leonardo Boff por um ano, sob a dura mão de Joseph Ratinger como Prefeito da Congregação
para a Doutrina da Fé, católica claro.
Senti vontade de acrescentar a este texto outros dois
livros que li na década de 1980 sobre o papado. Um crucial, Em Nome de Deus de
David Yallop sobre a morte de João Paulo I, sobre a falência do Banco
Ambrosiano, suas relações com a máfia e o possível assassinado em 1978, de Albino
Luciani, o Papa Sorriso. Em Nome de Deus é uma leitura obrigatória para quem
quer conhecer as relações políticas do Estado do Vaticano. Nesse livro que tem
como pano de fundo o pano de fundo assassinato do Papa João Paulo I, nos
deparamos com as relações materiais históricas da religiosidade, nesse caso a
católica. Mas não vamos encontrar orações, santos, milagres da multiplicação
dos pães, perdão ou repartir o pão e o vinho. David Yallop retrata a empresa,
os maniqueísmos do poder hierárquico e do que se é capaz para manter as leis
que mantem as relações de poder: dinheiro, status quo, posses e a fé custeadas
pelos dízimos dos pobres, mas os “milhõesismos” dos ricos.
Um outro livro, Como se faz um Papa, o processo da eleição de Karol Wojtyla de Andrew
M.Greeley, após a morte de João Paulo I, pela fé católica, descreve o processo
eletivo do Sumo Pontífice. Vale lembrar que estavam como possíveis Papas D.
Paulo Evaristo Arns e D. Aloísio Loncheider, ambos representantes do
cristianismo. Livro imprescindível sobre o processo que leva a fumaça branca e
o tão esperado Habemus papam.
Após
esse período de 29 anos, em que esses livros foram publicados, observo que a
Igreja Católica, desde Constantino, perseguiu os Cristãos. Não por duvidarem da
virgindade de Maria, ou de que a terra era o centro do Universo. Nem mesmo da
Trindade. Tão pouco pelo criacionismo. Não a Igreja Católica Apostólica Romana
sempre perseguiu os Cristãos por repartirem suas túnicas, por venderem tudo o
que tem e repartir, por descerem das árvores e devolverem os frutos malditos da
corrupção, por não fazerem do Templo lugar de comércio. Sim, o Catolicismo
também expulsa e persegue os Cristãos. Assim como a ruptura do Judaísmo com os
judeus seguidores de Cristo, gera o Cristianismo, estes terão sua vida
eternamente de rupturas, catacumbas e marginalidade.
Roma
ao converter-se ao Cristianismo, não demorou muito para ser Universal, Católico
em grego e os Cristãos passam a marginalidade novamente.
Tanto
pagãos, povos inteiros serão perseguidos pelo Catolicismo, como os Cristãos
serão queimados, enforcados, exilados por não se renderem ao poder.
O
protestantismo de Luthero e Calvino trazem uma nova esperança de Cristianismo.
Com a criação da prensa e publicação do livro sagrado dos Cristãos, a bíblia, a
leitura tira das homílias catequéticas dos padres o poder de contar sobre as
escrituras. Assim, os fiéis passam a ler e interpretar essas escrituras e
questionar o que o sacerdote fala. O nascimento do culto em que as escrituras
são debatidas traz a autonomia aos fiéis e a possiblidade de serem Cristãos.
Ledo engano.
Nessas novas empresas
religiosas irá preponderar o mesmo processo da matriz Católica. E tudo ser
tornará pago, dizimamente pago no mesmo modelo, pobres o dízimo e ricos o “milhõezismo”
para se manter nos padrões das suas Igrejas. E os Cristãos seguem seu rumo fora
dos Templos suntuosos e se encontram nas casas, barracos, garagens, escolas,
fábricas... Os Hebreus e depois Judeus tiveram sua diáspora, mas os Cristãos
até hoje vivem à margem vivendo a Boa Nova, “Eu vim para que todos tenham vida
e a tenham em abundância” João 10-10.