Ao preparar minhas aulas de teatro (1992-1995), para o segundo grau (Ensino Médio), encontrei um livro sobre a história do Teatro em fragmentos textos teatrais. Nele, vários atos e cenas, auxiliam na compreensão da tessitura, nos emaranhados que compõe a dramaturgia em cada tempo, em cada autor, em cada palavra. Apresento-lhes este texto, que me emocionou profundamente, me iludiu com um sentimento além do indivíduo, criando uma nova convenção social. Me iludiu com um sentimento, que não somente rompeu um hímen carnal, mas que rompeu as membranas o Amor. Membranas de sentimentos verdadeiros, profundos, felizes e que, com mel nos lábios, ousamos denominá-los amor.
O amor romântico, o pathos, doença, tomou seu lugar, resumindo a dois o que era universal, o Amor Liberto (redundância. pois se não é liberto, não é Amor).
Porém quão doente (não) é o amor, querer ousar destruir o âmago das membranas, himens inversos, pois não se rompem, ao contrário, nos envolvem, sufocam, obscurecem a alma, que quer amar o que já não é mais amável, mas enjaulável. Que embrutecido como pedra só aceita o pó, mas que ao pó não voltará, porque, Amor Romântico, acorrenta um ao outro, expurga o Amor Liberto e inventa o acorrentar-se como opção livre. Ainda assim, das gêneses do Amor Romântico (gostar de ser escravo), vê-se um Romeu negando a si, aos que fazem ser Montechio, suas raízes..
Shakespeare cria um Romeu sabedor de que para amar tem de deixar de ser Romeu, tem que abandonar o que lhe liberta e acorrentar-se.
Shakespeare traça o fim do Amor comunitário para o individualista, seguindo a sina de Tristão e Isolda e seus sofrimentos como ápice do amor, sofrer, amargurar-se como felicidade, corroer-se como alimento, apoderar-se escravizar-se, acomodar-se no incômodo, contrariar-se do contrário, abrir mão do Amor Liberto em troca do Amor Romântico limitado.
A frase última de Romeu é a morte: Não, minha bela, nem Montecchio, nem Romeu! Já que meu nome não te agrada, eu não sou eu!