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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Movimentos Sociais e o Neo Peleguismo

Por Carlos Alberto Wendt


A pedido do amigo estou publicando seu texto nesse blog.


Os anos 1980 e os dois primeiros anos dos anos 1990 o Brasil experimentou uma de suas raras oportunidades de mobilização social e a ocupação do espaço público por trabalhadores, estudantes, donas de casa, desempregados e sem terra. Sentia-me um privilegiado e tinha certeza que iria conseguir legar um país melhor, mais justo, com homens públicos que tivessem como objetivo primeiro, a correção e a justiça social.


A União Nacional dos Estudantes(UNE) renasceu das cinzas e dos porões da Ditadura, as passeatas voltaram com força, dos grêmios estudantis em escolas de ensino fundamental aos centros acadêmicos das mais renomadas universidades o movimento estudantil fervia. O ápice em 1992, quando já professor recém formado abriara os portões da escola aos meus alunos, e junto com eles pintava o rosto, vestia o véu negro a exigia a saída de Collor.
Da quase desconhecida Ronda Alta(RS) nascia o movimento dos agricultores sem terra, o MST, centenas de famílias oprimidas pela politicas agroexportadora do Brasil, perdiam suas terras paras o principal banco brasileiro – o Banco do Brasil. O latifúndio ganhava novas proporções e expandia-se de maneira cada vez mais criminosa. Na tentativa implacável de destruir e demobilizar o movimento, o governo do Rio Grande do Sul, com apoio incondiscional do governo Federal, promoveram o êxodo dos agricultores, despachando-os para estados como Rondônia, Acre, Mato Grosso e Pará. O MST, antes restrito ao Rio Grande do Sul, ganhou assim aspectos nacionais. Invasões iniciaram por todo o Brasil. Invadindo fazendas realmente improdutivas, foram tratados pelo Estado como bandidos.
Nos centros urbanos, a Central Unica do Trabalhadores(CUT) tratou de organizar e mobilizar trabalhadores de vários setores: metalúrgicos, bancários, comerciários e funcionários públicos, através de uma série de greves gerais pararam o Brasil, emissoras de televisão, Estado, Empresários conclamavam a força policial para acabar com as greves.
Foram anos maravilhosos e intensos sobre todos os aspectos. Cantavamos “Que país é este?”, “Polícia” - nas rádios Titans, Legião Urbana, Cazuza. Nos shows Rock in Rio, teatro. Cantavamos hinos contra o senhor Collor, e acreditavámos que o metalúrgico Lula iria dar um toque de honestidade. Fomos golpeados naquele inesquecível Segundo Turno, no debate Collor x Lula.
As contas bancárias e FGTS foram saqueadas, e os cofres públicos migraram para os jardins suspensos da Casa da Dinda, onde Roseana Collor fartava-se com recursos que deveriam ser destinados a fome. De preto e com cara pintada para luta, despachamos Collor.
No limiar de completar 20 anos encontramo-nos numa situação de ocupação pública similar aos dias da República Café com Leite. O peleguismo getulista renasceu na forma de um neo-peleguismo, onde não só a CUT, mas também a UNE e o MST são parceiros do agronegócio, dos banqueiros(nunca em nenhuma nação democrática bancos lucraram tanto como nos últimos 10 anos). A CUT mobiliza todo seu staff para impedir greves e numa ideia surreal separaram Estado do partido que o governa. A UNE incrivelmente de joelhos e submetida ao Estado e suas verbas milionárias para um digamos, “cala boca”. O MST por sua vez, parece satisfeito com a grilagem que seus líderes promovem, e suspederam invasões em nome de um “pacto de diálogo”.
Sentados na mesma mesa, Collor e Lula, Maluf e PT. Não há mais esquerda nem direita na maior República abaixo da linha do Equador. Meios de comunicação, todos em nome de compromissos espúrios rodam, edital, proclamam mas não diretamente. O principal jornal do país, O Estadão, em censura a mais de 700 dias, por uma ação promovida pela família Sarney.
No rádio pouco se ouve de música, a não ser o pseudo pagode, o funk erotizado por litros de silicone – o país do silicone. Num país mestiço, boa parte das apresentadoras mantem-se incrivelmente loiras, num padrãos estético cada dia mais proximo do estadunidense.
Jovens de hoje sofre de alhzheimer, não tem passado e o futuro é o agora, o já. Pensando assim estamos entregues a um novo Estado, onde o neopeleguismo e a aunsência de mobilização social de protesto, nas ruas, nas praças nos conduzem à um país da década cafeeira.

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