Um dos gêneros da literatura, as
publicações de diálogos entre pensadores de fontes diferentes são uma boa
referência para aprendermos a respeitar a diversidade das manifestações da
Vida. Um encontro entre um ateu e uma monja. Ateus não são os que não creem em deuses, são
os que creem na vida resolvida aqui e tudo é criado nas relações materiais,
desde o universo até as emoções. Religiosos são os que creem em deuses,
elementos fora da vida material, espíritos, almas, que independente da vontade
material, participam e influenciam a vida na terra. Detalhe, tendo outras
formas de vida, elas habitam outros mundos. Normalmente todos com base no
modelo social daqui. Essas duas visões de mundo não se negam, não se confrontam
quando a referência imprescindível é o RESPEITO A VIDA.
O livro começa de uma forma muito
engraçada, a Moja Budista reconhece no Ateu uma prática sua: acordar cedo,
meditar e estudar. Isso já indica o quão instrutivo será o diálogo.
O subtítulo “Do ódio à cultura da
paz” está muito bem contextualizado, pois reúne dois pensamentos que ao longo
da história do senso comum, são opostos. Karnal e Coen conversam e nos mostram
como o medo, um protetor natural, nos transforma em violentos. E tanto ateu
como crente, sabem que a disciplina nos liberta. Qualquer disciplina em que o
critério seja a não violência. Estão fora aqui os que se disciplinam para o uso
de armas.
Nesse caminho nos convidam a
desenvolver a Tolerância, defendendo-nos das “provocações” que despertam as
violências recônditas em nossa formação individual. Evitando a reação violenta.
Nos convidam ao eterno estudo de sim mesmo, procurando superar nossos Limites.
Para isso, trazem a ideia das
diversas maneiras de pensar que existem. Cito uma que aconteceu comigo. Em uma
relação de trabalho, na hora do almoço, o colega que era gerente observou que
eu comia a salada sem qualquer tempero e fez questão de destacar: - Cara, eu só
como salada se for bem temperada. Ao passo que respondi: - Bem, acabas de
observar que não há somente uma forma de comer salada. Com essa compreensão de
que existem outras formas, eles nos convidam a criarmos defesas que evitem em
nossa prática a violência. Então sugerem que ao vermos algo diferente,
troquemos os bordões: “isso me incomoda” pelo: “isso é outra forma de existir”.
Assim, nos levam ao caminho do Respeito e autoconhecimento, fazendo-nos prestar
atenção em nós. Tal procedimento nos
leva a termos Foco e Resiliência. Tal atitude nos libertará da necessidade de
agentes coercitivos como Policiais, Seguranças e Soldados porque buscaremos o
consenso. Numa sociedade violenta Policiais e Seguranças são significativos
para ajudar na conciliação, sem é claro, serem sujeitados a fazerem o
“trabalho” sujo de agredir, matar, mas de defenderem tanto que esta na mira da
arma, como quem está com a arma. Todo sujeito que usa uma arma e porque precisa
de ajuda.
E para uma Cultura da Paz, o
caminho é respeitar o outro. O primeiro respeito é COMIDA NA MESA, EDUCAÇÃO E
LAR PARA TODOS. O segundo é
observar o nosso em torno. Não há um só vegetal. Não há só
um mineral. Não há um só gás. não há um só animal. Cada um destes possui uma diversidade enorme.
Entre os animais estamos nós, os mamíferos. E dentre os mamíferos, os primatas. E detre os primatas, estamos nós, os Seres Humanos. Dentre nós as etnias, alturas, pesos, cores dos olhos, culturas, Dentro da cultura, cada um com sua leitura,tanto que não temos só uma música, só um livro, só uma dança, só uma palavra, só um gesto, só uma sexualidade. O Universo se faz com a comunhão a anos-luz do menor grão de areia coma maior estrela. Para nós Seres Humanos a PAZ só pode existir com a nossa vontade.