https://depoucoempouco.blogspot.com/2021/11/textos.html

Páginas

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

D. Paulo Evaristo Arns - Da Esperança à Utopia

 Essa autobiografia é fundamental para conheceremos a história da Arquidiocese de São Paulo, e porque não, da Igreja Católica pós Concílio Vaticano II.

D Paulo nos conta sua história de vida, desde a Forquilhinha, ainda Criciúma na época, a sua ordenação de bispo auxiliar de São Paulo e a indicação de Cardeal. Tudo normal, não fosse D.Paulo um paladino utilizando de seu poder cardinalício contra a ditadura militar e enfrentando generais mesquinhos e torturadores .

D. Paulo é um ser fora da caixa. Assim que assumiu a arquidiocese de São Paulo, seu primeiro ato foi vender o Palácio arquidiocesano e transformá-lo em mil e duzentos centros comunitários para a organização das comunidades. Dizer mais o que de um ser humano deste? Perseguido pelos meios de comunicação social por estar sempre ao lado dos empobrecidos e de uma sociedade que reparta seus bens e distribua renda tornando-a mais justa.

Essa autobiografia é um roteiro de como Agir Fora da Caixa e fazer uma sociedade melhor se desfazendo da hierarquia, tornando-se horizontal, partilhando e solidarizando-se com os oprimidos distinguido os opressores e indicando-lhes que a concentração de renda e poder são os produtores dos empobrecidos.

O idiota

Ufa! Ler esse livro é a identidade deste blog De Pouco em Pouco. Conforme a crítica não e um boa leitura de começar Dostoeivski... mas consegui. Comecei a ler em 2014. Idas e vindas. Capítulos lidos com pouco lembrança do anterior. Mas!!!! Dostoievski não me deixou perdido. Em algum momento ele retomava o caminho do anterior.

A motivação de iniciar Dostoievski com O Idiota, foi ter sido chamado de idiota ainda muito jovem por alguém que eu admiro e que me deixou atento para esse adjetivo transformado em substantivo pelo autor.

Nesse período de sete anos lendo as quase oitocentas páginas pude acompanhar as personagens da obra que indicavam a independência e autonomia, descritas, na minha vista de um ponto, com ingenuidade, dado o detalhamento de emoções ditas pelas próprias personagens. Interessante que num romance do século XIX tantas relações movidas pelos sentimentos ditos com consciência tão ímpar. As personagens de Dostoievski para uma Rússia czarista são contemporâneas com uma individualidade ímpar. Não são submissas, são autônomas.

A indicação de Idiota da personagem central lhe ser impingida sem qualquer velamento, inclusive fazendo-me sentir um idiota ao ler a forma com que o príncipe Mitchin se relacionava com a vida. Achei as descrições de Dostoievski convidativas em mostrar relações de pessoas que não se privavam de constantemente se analisarem mutuamente, de descreverem seus sentimentos...

Fiquei intrigado com a forma agressiva dos personagens. Enquanto lia, parecia que gritavam uns com os outros... Penso que seja a objetividade da forma que os russos se relacionam... Pareceu-me que estavam sempre brigando.

Bem, esse foi meu primeiro Dostoeivski, mesmo já tendo lido Stanislavski, Vygotsky, Turgueniev, traduzidos diretamente do russo, todos descrevem detalhadamente tudo, parece-me que é da forma russa sobre a vida... não sei se é somente da literatura... Que venha o próximo.

Nos trilhos da memória

 

Quando li a respeito do lançamento do livro já criei uma expectativa de ler relatos de pessoas que andavam de trem, contanto suas experiências, descrevendo os vagões, seu interior, a locomotiva, as estações... Quando recebi o livro e comecei a ler tive medo dado a sua estrutura acadêmica, falas seguidas de citações... mas gradativamente ambas as expectativas se desfizeram e a escrita foi me envolvendo, fazendo-me trilhar por um mundo que eu não conhecia, trazendo informações e construindo conhecimento sobre uma época, um lugar, pessoas,...

Os autores souberam contar a história da Barranca, sua relação com a ferrovia, costurando o conhecimento oral, das entrevistas, o conhecimento escrito, acadêmico, o imagético as fotografias com muita sabedoria.

A medida que fui lendo, ora enchendo o saco de tanta Barranca, ora compreendendo o processo histórico de construção do bairro, da presença da ferrovia, fui construindo a ideia de começo, meio e fim de um período. Não somente determinista, mas determinada por vontades e não vontades dos gestores da vida de uma comunidade. Os autores destacam como seria diferente a vida na Barranca com a construção da ponte e da continuidade da via férrea, que daria ao local o status de centro econômico e social, mas essa possibilidade se confrontou com as rodovias, os caminhões, a economia se submetendo a uma política de vendas de automóveis, combustíveis, a um mercado exterior.

Os depoimentos no final do livro indicam e se interligam quanto a esse fim que teve a Barranca e mantem viva a memória da comunidade, daquele período, daquelas pessoas e a necessidade de se fazer justiça com políticas públicas às pessoas que foram abandonadas.

O papel dos autores em dar voz a estas vozes, organizar suas trajetórias é um passo significativo em apresentar a todos essa história.

As minhas expectativas iniciais sobre a forma e o conteúdo do livro se transformaram no decorrer da leitura graças a forma da escrita dos autores, que entre uma citação de referências bem escolhidas e outra, discorriam gostosamente sobre o assunto.