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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Uma possível trilogia, minha leitura.




O livro não corresponde ao título em profundidade, mas pincela curiosidades sobre o papado, expondo o lado político, social destes, tanto fatos engraçados como significativos e tensos na história. Para os católicos é um bom compêndio para entender o processo de escolha papal, o funcionamento do vaticano e suas mazelas. Também não deixa de fora o silêncio de Leonardo Boff, imposto pelo prefeito da congregação para a doutrina da Fé, cardeal Joseph Ratzinger, hoje Bento XVI, e a crise na teologia. No entanto é como digo, o livro é breve em seus textos, mas não foge a responsabilidade de mostrar os papéis dos papas e da Igreja Católica.

Com a desistência de Bento XVI, surge o Papa Francisco I. Um representante dos Cristãos dentro do Catolicismo Romano. Francisco traz de volta o sorriso de João Paulo I, a esperança Cristã e encerra a sisudez de João Paulo II, com sua perseguição aos Cristãos, ao calar Frei Leonardo Boff por um ano, sob a dura mão de Joseph Ratinger como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, católica claro.

Senti vontade de acrescentar a este texto outros dois livros que li na década de 1980 sobre o papado. Um crucial, Em Nome de Deus de David Yallop sobre a morte de João Paulo I, sobre a falência do Banco Ambrosiano, suas relações com a máfia e o possível assassinado em 1978, de Albino Luciani, o Papa Sorriso. Em Nome de Deus é uma leitura obrigatória para quem quer conhecer as relações políticas do Estado do Vaticano. Nesse livro que tem como pano de fundo o pano de fundo assassinato do Papa João Paulo I, nos deparamos com as relações materiais históricas da religiosidade, nesse caso a católica. Mas não vamos encontrar orações, santos, milagres da multiplicação dos pães, perdão ou repartir o pão e o vinho. David Yallop retrata a empresa, os maniqueísmos do poder hierárquico e do que se é capaz para manter as leis que mantem as relações de poder: dinheiro, status quo, posses e a fé custeadas pelos dízimos dos pobres, mas os “milhõesismos” dos ricos.


Um outro livro, Como se faz um Papa, o processo da eleição de Karol Wojtyla de Andrew M.Greeley, após a morte de João Paulo I, pela fé católica, descreve o processo eletivo do Sumo Pontífice. Vale lembrar que estavam como possíveis Papas D. Paulo Evaristo Arns e D. Aloísio Loncheider, ambos representantes do cristianismo. Livro imprescindível sobre o processo que leva a fumaça branca e o tão esperado Habemus papam.
Após esse período de 29 anos, em que esses livros foram publicados, observo que a Igreja Católica, desde Constantino, perseguiu os Cristãos. Não por duvidarem da virgindade de Maria, ou de que a terra era o centro do Universo. Nem mesmo da Trindade. Tão pouco pelo criacionismo. Não a Igreja Católica Apostólica Romana sempre perseguiu os Cristãos por repartirem suas túnicas, por venderem tudo o que tem e repartir, por descerem das árvores e devolverem os frutos malditos da corrupção, por não fazerem do Templo lugar de comércio. Sim, o Catolicismo também expulsa e persegue os Cristãos. Assim como a ruptura do Judaísmo com os judeus seguidores de Cristo, gera o Cristianismo, estes terão sua vida eternamente de rupturas, catacumbas e marginalidade.
Roma ao converter-se ao Cristianismo, não demorou muito para ser Universal, Católico em grego e os Cristãos passam a marginalidade novamente.
Tanto pagãos, povos inteiros serão perseguidos pelo Catolicismo, como os Cristãos serão queimados, enforcados, exilados por não se renderem ao poder.
O protestantismo de Luthero e Calvino trazem uma nova esperança de Cristianismo. Com a criação da prensa e publicação do livro sagrado dos Cristãos, a bíblia, a leitura tira das homílias catequéticas dos padres o poder de contar sobre as escrituras. Assim, os fiéis passam a ler e interpretar essas escrituras e questionar o que o sacerdote fala. O nascimento do culto em que as escrituras são debatidas traz a autonomia aos fiéis e a possiblidade de serem Cristãos. Ledo engano.
Nessas novas empresas religiosas irá preponderar o mesmo processo da matriz Católica. E tudo ser tornará pago, dizimamente pago no mesmo modelo, pobres o dízimo e ricos o “milhõezismo” para se manter nos padrões das suas Igrejas. E os Cristãos seguem seu rumo fora dos Templos suntuosos e se encontram nas casas, barracos, garagens, escolas, fábricas... Os Hebreus e depois Judeus tiveram sua diáspora, mas os Cristãos até hoje vivem à margem vivendo a Boa Nova, “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” João 10-10. 

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Guia politicamente incorreto

O livro de Leandro Narlock é uma dessas pérolas que surgem para nos intrigar, fazer rir e pensar. Intrigar porque mexe em fundamentos que nos orgulham em ser brasileiros. Santos Dumont é destronado, os negros e índios passam a ter um elemento crucial na sua história, deixam de ser bons selvagens e passam a ser homens de seu tempo, traficando e escravizando quando libertos ou bem pagos.
Rir porque realmente o que se escreve nesse livro nos faz rir de nós mesmos e das obviedades que ululam em nossa frente, mas não podemos ver. O capítulo que fala sobre as grandes bobagens de nossos autores é muito engraçado.
Pensar porque, mesmo não sendo historiador, fica sempre a dúvida: será que as fontes usadas no livro são realmente fidedignas ou o autor pescou um parágrafo aqui outro ali e foi montando sua versão?